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O Colecionador

O livro “O Colecionador” é uma obra extremamente cativante que nos prende a cada página. Ele nos permite enxergar através dos olhos de duas pessoas: Frederick Clegg, também conhecido como o sequestrador, mas chamado pelos próximos de Ferdinand; e Miranda Grey, a hóspede, a sequestrada.

Tudo começa com Ferdinand ganhando na loteria, 73.091 libras. Um dinheiro que muitos investiriam em si mesmos, comprando um carro chique ou frequentando bares caros. No entanto, não é isso que nosso protagonista deseja; ele quer algo mais, quer colecionar a espécie mais rara de borboleta. Uma borboleta livre, sonhadora, um grande desejo, uma estudante de arte que ganhou uma bolsa na Universidade de Sussex, a Miranda.

Tudo estava preparado para a caça: um furgão novo, uma casa longe de Londres em um lugar mais isolado, e um porão. Não um simples porão, mas um com quarto de hóspedes, cama, pia, livros e roupas. Estava perfeito, pronto para receber sua hóspede.
Era para ser uma simples noite de cinema, após pegar uma chuva e aproveitar o filme que estava passando. Ela sai, e o furgão está lá esperando por ela. Em um momento, tudo acabou, sem chances de se defender do cheiro do clorofórmio; acorda presa em um cativeiro onde não seria encontrada.

O livro nos faz entender como a mente perturbadora de Ferdinand funciona, o que ele julga certo e errado. Mesmo comprando tudo o que ela desejava, não conseguia fazer com que ela gostasse dele, pelo menos do jeito que ele queria. Através dos olhos de Miranda, aprendemos o que ela via nele, as lembranças que a confortavam na escrita e uma grande e irritante paixonite que ela tem por um homem 20 anos mais velho do que ela, George Prime, ou como ela escreve em seu diário, G.P.

Miranda se mostra forte, com um grande desejo de sobreviver, tentando ao máximo fazer o melhor da situação, conversando com Ferdinand, ou Caliban, como ela o chama, para fazê-lo libertá-la. A compaixão por ele e o ódio momentâneo mostram o quanto ela ficou perturbada enquanto estava trancada. Ela desejava ajudá-lo, filosofava sobre a vida e, ao mesmo tempo, demonstrava o ódio que sentia por ele.

Falando em minha experiência, tive momentos enquanto lia este livro em que simpatizava com o querido Caliban, o que me fez questionar a mim mesma. Em outros momentos, certamente compartilhava dos mesmos pensamentos de Miranda, talvez de forma menos radical, mas vejo muita verdade na maneira como ela descreve a sociedade, mantendo este livro atual. Porém, me assustava cada vez que ela sentia pena ou era carinhosa com o Caliban, criando uma amizade com ele, às vezes esquecendo o que ele a estava fazendo passar. Este livro mostra um pouco como a síndrome de Estocolmo começa.

A versão que tive oportunidade de ler é da editora Darkside, uma grande editora com livros com as capas mais encantadoras que a outra, com uma qualidade extraordinária aplicada nos livros. No começo, temos a introdução com spoiler de Stephen King e, no final, todas as referências que são citadas durante o livro e de qual artista as pinturas, livros ou sonetos eram.

Eu praticamente devorei este livro e recomendo muito. Pelo conteúdo e o grande final inesperado. É uma obra que me fez refletir muito sobre o que sentia sobre o Caliban e o que achava da “geração nova”, se eu estava fazendo parte deles ou não, o confronto de gerações que existe ainda nos dias de hoje. Os mais velhos achando os mais novos rebeldes, esquecendo que também estiveram na mesma idade, e a “geração nova” se sentindo não entendida. Aquele constante confronto entre gerações onde um parente não entende o outro. E o maior sentimento que existiu durante a leitura foi a grande angústia de fugir com a Miranda para bem longe, onde Caliban não a encontraria. Onde não nos encontraria.

Índice

  • Autor:John Fowles
  • Lançamento:1963
  • Gênero:Romance, Suspense, Terror, Romance psicológico

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